Conta
a lenda que o Oráculo de Delfos, consultado sobre quem seria o homem mais sábio
de Atenas, anunciou que este atributo correspondia ao filósofo Sócrates. Este,
ao ser informado do vaticínio divino, serena e calmamente respondeu: “Só sei
que nada sei!” Todos ao redor ficaram abismados. Estaria Sócrates desprezando a
voz dos deuses? Calmamente ele explicou a seus ouvintes que, a consciência da
própria ignorância, é o primeiro passo para a busca do verdadeiro conhecimento.
Segundo ele, aquele que está convencido de que já conhece tudo, não vê motivo
para inquietar-se em buscar a verdade e afunda-se em sua orgulhosa escuridão.
Naquela
mesma época, na Palestina, um grupo de homens recolheu e colocou por escrito a
sabedoria popular do povo judeu. Nasceu assim o livro dos Provérbios que está
na Bíblia. Nele, encontramos frases fantásticas sobre a sabedoria e a
ignorância. Uma delas é quase igual à de Sócrates: “Quem é sábio procura aprender,
mas os tolos estão satisfeitos com a sua própria ignorância”. Outra diz: “O
tolo pensa que sempre está certo, mas os sábios aceitam conselhos”. E ainda
outra: “Aquele que quer aprender gosta que lhe digam quando está errado; só o
tolo não gosta de ser corrigido”.
Nestes
tempos em que assistimos a verdadeiros shows de tolos nas portas dos palácios,
nas praças, nos púlpitos das igrejas, nos microfones e câmeras de rádio e
televisão e nas inúmeras telas das múltiplas redes sociais que tomam conta de
nosso cotidiano, estas frases convidam a pensar sobre o valor do silêncio que
busca a verdade.
Sobre
os gritões de verdades que não existem e que insistem em mentir para si mesmos
e para os outros, bem lembra o mesmo Livro dos Provérbios: “A pessoa prudente
esconde a sua sabedoria, mas os tolos anunciam a sua própria ignorância”.
O
dramático é que, o amor pela mentira, como lembrava recentemente o Governador
do Rio Grande do Sul, vem sempre acompanhado pelo desprezo à vida. Já o Livro
dos Provérbios afirmava: “Quem procura ter sabedoria, ama a sua vida”. E,
acrescentamos nós: o ignorante se apega à mentira, e com isso, acaba com a
própria vida e destrói a vida dos outros. Por ação ou por omissão, a mentira
como opção, é sempre culpável.
Para
resistir à opção ignorância é preciso contar com o Espírito da Verdade que
habita em cada um de nós e nos faz defensores da vida. E, por Sua força, ter a
ciência primeira de nossa própria ignorância e de nossa finitude que nos fazem
rezar com o Salmo 90: “Faze que saibamos como são poucos os dias da nossa vida
para que tenhamos um coração sábio”.
Que
Deus nos dê sabedoria para defender a vida dos outros e assim prolongar
eternamente a nossa própria existência.
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Oportuno, além de literariamente e sabiamente bem escrito!
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