O nome completo é Gérson de Oliveira Nunes. Nasceu em 11 de
janeiro de 1941, em Niterói, RJ. Jogou pelo Flamengo, Botafogo, São Paulo e
Fluminense conquistando, em todos eles, vários campeonatos. Com a seleção
nacional de futebol foi tricampeão no México em 1970. Sua especialidade eram os
dribles curtos e os lançamentos longos, precisos, milimétricos, utilizando
sempre o pé esquerdo. Era o “canhotinha de ouro”. Gerson está, sem dúvida,
entre os mais importantes jogadores da história do futebol brasileiro.
Mas Gerson é lembrado também por uma expressão que ficou
colada ao seu nome: a Lei de Gérson. Ela tem origem numa propaganda de cigarro
veiculada em 1976. Nela, o jogador aparecida dando uma entrevista a um
jornalista e, nela, fumava determinada marca de cigarro e justificava sua
escolha dizendo: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo
aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, certo?
Leve vantagem você também, leve Vila Rica!”
No saber popular, a fala do personagem passou a
ser entendida como um estímulo a levar vantagem em tudo, independente dos meios
utilizados para tal. Associada ao “jeitinho brasileiro”, ela se tornou símbolo
da propensão à desonestidade, à corrupção e ao mau-caratismo assumido como algo
positivo na cultura brasileira. Ser brasileiro é ser malandro, é levar vantagem
em tudo.
A onda de moralismo e de caça aos corruptos que
teve sua primeira irrupção no fim da década de 1980 com a “caça aos marajás”
pelo Marajá da Alagoas, hibernou nos anos neoliberais do FHC e renasceu como
instrumento de desestabilização dos governos petistas no início do século XXI,
parecia desmentir a Lei de Gérson. Nas duas últimas décadas, o combate à corrupção
se manteve como principal tema dos noticiários e principal mote de candidatos e partidos que
almejavam o poder. E não se queria apenas tirar o país a limpo. Era precisa
fazê-lo com a força de um lava-jato: jogar o lodo e a sujeira para o ralo da
história como o mostravam os cenários do noticiário noturno de maior audiência
da televisão brasileira.
Os dias passaram e os que queriam acabar com a
Lei de Gérson chegaram ao poder. E, mais breve do que se desejaria, damo-nos
conta de que todo aquele discurso anticorrupção era apenas mais uma expressão
da famosa Lei de Gerson. Era apenas um jeito de levar vantagem em tudo. Para uns,
era um estribo para alçar-se no lombo do poder para beneficiar os próprios
filhos, os familiares, amigos e parceiros de negócios. Para os investigadores e
juízes da Lava Jato, um modo de ganhar fama e vender palestras e assessorias
milionárias. Para outros ainda, uma forma de esconder e potencializar a
bandidagem miliciana na qual sempre chafurdaram.
Gérson tinha razão? O brasileiro só quer levar
vantagem em tudo? Às vezes sou tentado a pensar que sim. Esperançosamente, no
entanto, afirmo que não. Talvez as elites brasileiras sofram da Síndrome de
Gérson. O povo, na sua maioria, é honesto. Até porque o povo sofre as consequências
da Lei de Gérson praticada pelas elites.
Como cristão, fico com o chamado de Jesus. Em meio
a tantas pessoas que tentam tirar proveito do dinheiro mal havido, há um
princípio fundamental: “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Ou, como
dizia Deus através do profeta Amós àqueles que maltratavam os humildes e pisavam
sobre os pobres da terra: “Nunca mais esquecerei o que vocês fizeram.”
___________________________________
Siga-nos em nosso perfil no YouTube e receba antecipadamente os vídeos:
___________________________________
Siga-nos em nosso perfil no YouTube e receba antecipadamente os vídeos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário