Nesta semana a Igreja Católica Romana está encerrando o
Sínodo para a Amazônia. Depois de um longo processo de escuta das várias
realidades daquela região, bispos, delegados, consultores e convidados foram
reunidos, durante três semanas, em Roma, sob a coordenação do Papa Francisco,
para pensar “novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”.
Ainda não conhecemos as decisões que serão expressas no documento final. Oxalá sejam
esperançadoras para a Igreja e para os povos que vivem naquela região e para
todo o bioma amazônico, tão fundamental para a vida no planeta Terra.
Com o Papa Francisco cremos que “o tempo é mais
importante que o espaço” e que, por isso, o processo é mais importante que o
resultado. E o grande ganho do caminho que levou a Roma foi, sem sombra de
dúvidas, a prática da sinodalidade. Ou seja, de uma Igreja que, desde as mais
remotas comunidades da selva amazônica até a Basílica de São Pedro, foi capaz
de pôr-se a caminho para ir ao encontro de todas as pessoas e sentar-se em
círculo para conversar e tomar decisões em conjunto. Foi um exercício de uma
Igreja em saída e de uma igreja toda ela sinodal.
Além disso, foi um exercício de encarar de frente os
problemas internos da comunidade católica e os desafios que a realidade
socioambiental apresenta para os homens e mulheres de fé. E essa coragem de não
escamotear o real fez com que o sínodo, além de despertar paixões no interno da
comunidade católica, também alcançasse repercussões em toda a comunidade cristã
e para além dela. É sabida de todos a reação do governo brasileiro e dos
setores da sociedade que lucram com a destruição da Amazônica diante do Sínodo.
Neste sentido, foi um sínodo eminentemente ecumênico e resgatou o objetivo dos
sínodos tradicionais da Igreja: colocar a fé cristã em diálogo com os grandes
problemas da realidade.
Dentro da Igreja, duas posturas desenharam os
extremos diante do Sínodo. De um lado, aqueles e aquelas que, cientes dos erros
cometidos no passado, pedem perdão e buscam novos rumos para o agir eclesial.
De outro lado, aqueles e aquelas que, aferrados a uma compreensão da verdade e
convencidos de que seu modo de agir é o único possível, mais do que
preocupar-se com a evangelização, preocupam-se com a possibilidade de ter que
mudar. E, ao invés de combater os males que afetam a igreja, o povo e o bioma
amazônico, juntam pedras e paus para atirá-los contra seus irmãos de Igreja e
de fé.
São duas atitudes clássicas dentro do cristianismo. E, não
por coincidência, estão retratadas no evangelho da liturgia deste fim de
semana. De um lado, o fariseu que se orgulha de sua ortodoxia e de sua
ortopraxia, mas não tem fé, pois acha que pode se salvar por si mesmo. Do
outro, o publicado que, sabendo-se pecador, confia na misericórdia de Deus.
O Sínodo para Amazônia e os debates por ele
suscitados nos fazem lembrar que, dentro de cada um de nós, pode existir o
publicano e pode existir o fariseu. Que saibamos reconhecer nossos erros e
começar tudo de novo, pois, como nos dizia São Francisco, até agora, pouco ou
nada fizemos.
Excelente reflexão professor.
ResponderExcluirOlá! Obrigado pelo comentário. Não consegui identificá-lo pois seu perfil está desativado. Abcs
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