As festas de Natal e Fim de Ano são festas familiares. É o
momento em que as famílias, às vezes espalhadas em diferentes cidades, estados
e até países, fazem o esforço para se encontrarem e festejarem a esperança
trazida pelo Messias e também pelo Novo Ano que começa.
De onde vem este
costume? Talvez do fato de que, no primeiro domingo depois do Natal, a Igreja
celebra a festa da Sagrada Família. Mas também pode ser pela prosaica razão de
que os feriados de Natal e Fim de Ano – que geralmente combinam um feriadão
prolongado – se tornam ocasião para uma viagem e estadia mais longa,
propiciando o encontro familiar.
Seja qual for o motivo, o fato é que muitas famílias se
reúnem nesta época do ano. Reuniões que, como todos o sabemos, têm um potencial
de ambiguidade. Elas podem ser um momento alegre de reencontro de pessoas
queridas há muito tempo distantes. Mas às vezes se tornam ocasião para que
aflorem as tensões há muito tempo latentes entre os membros da família. Há que
ser realista! As festas familiares de Natal e Fim de Ano podem ser um momento
de reencontro e união, mas também podem tornar-se uma ocasião de desencontro e
separação.
Isso tudo é normal. Afinal, as famílias são compostas por
pessoas e se constroem nas relações. Como lembra o Papa Francisco na Exortação
Apostólica sobre o Amor na Família, as relações familiares não são apenas
ternura e amor. Elas também podem deixar atrás de si “um rastro de sofrimento e
sangue”. E não apenas por causa de desentendimentos entre pais e filhos, irmãos
e irmãs, tios e sobrinhos, netos e avós, sogras e noras, cunhados e agregados…
A família também sofre as pressões do ambiente esterno que muitas vezes lhe é
adverso. Na mesma “Amoris Laetitia” o Papa chama atenção para os fatores
desagregadores das famílias. Ele cita a cultura do individualismo, a situação
de miséria e pobreza na qual são abandonadas muitas famílias, o desemprego, a
falta de moradia, a dificuldade no acesso à educação e saúde, a migração
forçada de milhões de pessoas de um lado para o outro do mundo, a ausência de
políticas governamentais de suporte às famílias em dificuldade e outros tantos
males.
Dificuldades estas que não são novas. Elas estavam presentes
na Sagrada Família de Nazaré e nas famílias com as quais Jesus conviveu. Basta
olhar os evangelhos e veremos o realismo do discurso e da prática de Jesus no
que se refere à família. Ele nasceu numa família pobre,
que foi obrigada a fugir para uma terra estrangeira. Entrou na casa de Pedro,
onde a sua sogra estava doente. Deixou-se tocar pela dor da morte da filha de
Jairo e de seu amigo Lázaro. Ouviu o pranto da viúva de Naim pelo filho morto. Atendeu
o grito do pai do menino epiléptico que não sabia mais o que fazer diante da
doença do filho. Foi jantar na casa dos publicanos Mateus e Zaqueu e na casa de
pecadores e doentes. Falou do pai que deixou seu filho partir e depois o
acolheu de volta. E dos filhos que nem sempre obedecem às ordens do pai. Teve
compaixão do jovem casa de Caná que ficou sem vinho para celebrar o casamento.
Contou a história do pai que casou o filho e ninguém veio para a festa. E da
mulher que só tinha uma moeda para sustentar a casa e a perdeu.
Histórias reais de famílias reais.
Jesus não proclamou um dogma e nem se ateve a doutrinas. Ele falou de famílias
reais, concretas que viviam situações muito similares às que hoje nossas
famílias vivem.
Ele é uma luz para que, neste
período de festas familiares, nós também possamos, a partir das luzes e sombras
de cada uma de nossas famílias, derrubar os muros e construir pontes para o
encontro de pais, filhos, irmãos, avós, tios, sobrinhos, sogros, cunhados e
agregados, para que as famílias sejam, cada vez mais, amplas e acolhedoras numa
sociedade aberta e inclusiva.
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É na família que se constrói o amor fraterno. Esse amor deve ser difundido intensamente. Deus é amor! Abençoado 2020!
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