Natal e Ano Novo é época de dar e de receber presentes. Quase todo
mundo faz isso. Há, no entanto, um pequeno equívoco nisso tudo. A
data certa para dar presentes não seria essa. Presentes deveriam ser
dados na festa da Epifania. Ou seja, no dia em que celebramos a ida
dos reis magos até o lugar onde Jesus nasceu para presenteá-lo com
ouro, incenso e mira. O dia do presente é o dia 6 de janeiro.
Mas, enfim, como é difícil mudar costumes,
continuaremos dando presentes no dia do Natal e, por extensão, no
Ano Novo. Mas, o que significa dar um
presente? A resposta é simples: dar um presente é
dizer que gostamos de alguém. E que
gostamos dele assim como ele é. E, sobretudo, que não queremos nada
em troca. Se damos um presente esperando que essa pessoa retribua com
outro presente, não estamos presenteando,
mas negociando.
E o triste nessa época do ano é que o ato de dar
um presente, que deveria ser um gesto que nasce do fundo do coração,
tornou-se um grande negócio. A propaganda quer-nos convencer, a todo
o custo, a dar mais e mais presentes. Porque, para o comércio, o
gesto de amor de presentear, foi convertido no gesto ganancioso de
lucrar.
Se olharmos com profundidade, neste tempo de
presentes, estão em disputa duas lógicas econômicas. Por um lado,
a economia capitalista que pensa todas as relações como uma troca
em que sempre temos que ter lucro. Nessa lógica, o presente não é
gratuito, mas é um investimento. A pessoa dá um presente não
porque ama, mas para fazer-se amado. E, quanto mais caro o presente
dado, maior é o amor com que espera ser
amado. O amor virou negócio. É comprado e
é vendido em intermináveis prestações que pesam no orçamento de
cada mês durante o ano todo.
Do outro lado, está a economia do dom. É a
economia do Deus que se faz humano sem esperar nada em troca. É dom
gratuito, desinteressado, com o único
objetivo de ensinar-nos a amar. Maria, José, os pastores e os reis
magos entenderam este gesto de amor de Deus. E foram visitar o menino
levando seus presentes sem esperar nada em troca.
Na economia do lucro, do capital, da compra e da
venda, cada um dá conforme suas possibilidades e recebe em troca
conforme a sua contribuição. Quem dá mais, recebe mais. E quem dá
menos, recebe menos. Na economia do dom, do amor, da gratuidade, cada
um dá conforme as suas possibilidades e recebe conforme suas
necessidades. Quem precisa mais, recebe mais. E quem precisa menos,
recebe menos.
São duas lógicas econômicas que estão,
literalmente, no berço da experiência cristã, no berço do menino
Jesus. E elas marcam todas as relações econômicas, as do passado e
as do presente.
Que nesta Festa da Epifania, nos deixemos tocar
pelo gesto de Deus que se dá a todos nós indistintamente, sem
esperar nada em troca. E nos deixemos tocar pelo gesto dos pastores e
dos reis magos que, com aquilo que tem – pouco ou muito – vão
até Jesus e se colocam na dinâmica do dom, da gratuidade, da
fraternidade universal.
______________________________
Siga-nos em nosso canal no YouTube
______________________________
Siga-nos em nosso canal no YouTube
Nenhum comentário:
Postar um comentário