Mas,
quando falamos em mudança, é preciso sempre colocar duas perguntas.
Se não queremos do jeito que está agora, para onde queremos ir?
Mudar por mudar, pode levar a uma situação ainda pior do que a que
aí está. Nos últimos anos, vimos inúmeras mudanças acontecerem
no nosso país. Mas, todas elas, no lugar de melhorar a vida do povo,
levaram a uma situação ainda mais precária. A pobreza aumentou,
voltamos ao “mapa da fome”, o desemprego é a grande aflição
das famílias, as condições de trabalho foram precarizadas, os
recursos para a edução e saúde foram encolhidos, aposentar-se
tornou-se um sonho praticamente irrealizável para as futuras
gerações, a preocupação com a preservação do meio ambiente foi
simplesmente desprezada, o Brasil abandonou todo e qualquer projeto
de nação e tornou-se um satélite dos interesses norte-americanos.
Queremos continuar caminhando nesta direção ou é necessário
refazer o rumo? Tristemente, muitos se contentam com o discurso de
mudança e não se perguntam para onde as mudanças que estão sendo
feitas nos conduzirão a nós e às futuras gerações.
E aí
vem a segunda pergunta: quem poderá realizar as mudanças que
realmente interessam ao país? A história nos ensina que, aqueles e
aquelas que sempre foram os privilegiados, a estes nunca interessam
as verdadeiras mudanças. No máximo, eles podem fazer mudanças para
buscar um lugar ainda mais exclusivo dentro da sociedade, enquanto as
grandes maiorias continuarão em suas péssimas condições de vida.
A
verdadeira mudança, a que interessa às maiorias, só poderá ser
feita por aqueles e aquelas que sempre foram relegados às margens da
sociedade. No Brasil, serão as mulheres, os negros, os jovens, os
indígenas, os idosos, os sem trabalho, sem casa e sem teto, os que
poderão fazer deslanchar a verdadeira mudança que o país precisa.
E
isso não é apenas uma afirmação sociológica. De fato, a
sociologia sempre afirmou que as verdadeiras transformações sociais
nascem do desejo de mudança levantado por aqueles que vivem na
periferia da sociedade, do sistema e dos impérios.
Mas,
para o cristão, esta também é uma verdade de fé. Jesus iniciou
sua missão em Israel, na periferia do Império Romano que, na época,
dominava o mundo. E, em Israel, ele não escolheu como lugar para
iniciar sua atividade a cidade de Jerusalém ou as cidades romanas de
Séforis e Tiberíades. Foi em Cafarnaum, na beira do Mar da
Galileia, na Terra de Zabulon e Naftali, na Galileia que era por
todos desprezada por ser uma terra ocupada pelos pagãos. Foi lá, na
periferia da periferia, que Jesus iniciou seu projeto de mudança de
toda a sociedade.
E,
para acompanhá-lo, não escolheu pessoas importantes. Chamou
pescadores, homens que não tinham do que sobreviver a não ser
aventurando-se no mar para buscar algo para dar de comer a seus
filhos e filhas.
É
nessa periferia social que Jesus busca aqueles e aqueles que, com
ele, poderão fazer brotar a semente do Reino de Deus. Que o exemplo
de Jesus nos inspire nas mudanças que a sociedade tanto precisa.
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