Em sua obra “Tempos Líquidos”, o filósofo polonês
Zygmunt Bauman, apresenta a incapacidade de planejar a longo prazo como uma das
características da “modernidade líquida” em que vivemos.
Para ele, estamos na era do tempo presente. Ou seja,
a grande preocupação das pessoas não é mais preparar o futuro, mas viver o
agora. Tanto a nível individual como a nível social. Tal fenômeno emerge, por
exemplo, na ânsia consumista que invade mentes e corações. Afinal, para que
poupar para gastar mais adiante se posso ter o prazer de consumir agora? Consumir
o máximo possível parece ser um modo de viver o futuro já no presente...
No âmbito da convivência social, a falta de
planejamento em longo prazo se reflete no fim das utopias. Sacrificar-se no
presente para um futuro coletivo melhor para as próximas gerações, é algo
absurdo para a maioria das pessoas. O lema parece ser “cada um por si e quem
pode que sobreviva ao presente”.
A despreocupação com o meio ambiente e o modo cego
como caminhamos para uma catástrofe ecológica de dimensões planetárias, é
sintoma da presentificação da experiência humana característica dos tempos
líquidos em que vivemos.
Há alternativas para isso? Segundo Baumann, é
possível outro modo de nos pensarmos no mundo e no tempo de modo a que o
presente não se torne o coveiro do futuro. Duas condições são necessárias para
que tal mudança aconteça. A primeira, é a capacidade de indignação diante do
mundo em que vivemos. Afinal, só sonha com um futuro aquele e aquela que tem a
sensibilidade para não conformar-se com o agora. A anestesia cultural que
impede sentir as dores e os sofrimentos do presente, é o veneno que mata o
sonho de um mundo melhor.
A segunda condição, é a confiança no ser humano. Se
não confiarmos nas pessoas que conosco partilham as horas, os dias, as casas, as
ruas, as praças, o ônibus, a fábrica, a escola e a igreja, não haverá futuro
possível. Semear a desconfiança e a divisão é o primeiro passo para matar a
utopia.
Para escapar do círculo vicioso da pós-modernidade
voltada sobre si mesma, é preciso seguir o exemplo do velho Simeão. Sentado à
porta do Templo, ele não só esperava a esmola dos que ali vinham para rezar.
Ele também esperava o tempo futuro em que Deus enviaria Seu Filho para tirar o
povo de Israel da escravidão.
Simeão continuava a sonhar com a utopia do Reino de
Deus. E, ao ver o jovem Jesus chegando, ladeado por José e Maria, Simeão
confiou nele como ninguém o faria. Jesus era apenas mais um dos tantos meninos
judeus que seriam apresentados no templo. E mais: era um galileu, morador de
uma região de pessoas não confiáveis. Mas o velho Simeão confiou na humanidade
de Jesus e viu nele a possibilidade da realização das promessas de Deus.
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