Os cinco sentidos são
indispensáveis para nossa sobrevivência. Eles nos comunicam com o mundo ao
nosso redor. Sem eles, nos isolamos e morremos. Ser privado de um deles resulta
numa limitação que exige um redobrado esforço dos outros.
Dentre todos, talvez o paladar seja
aquele a que damos menos atenção. Mas não por isso é menos importante. Ele nos
permite realizar de forma eficaz uma das necessidades elementares do ser
humano: comer!
Sem comer, morremos por inanição. Mas também não podemos comer qualquer coisa. Comer sem critério, também pode levar à morte. A função do paladar inclui selecionar aquilo que comemos. Fazemos isso através dos milhares de botões gustativos que recobrem nossa língua e permitem identificar e classificar os alimentos.
Mas, além do gosto, existe também o sabor. O gosto é a reação química do corpo diante do que é colocado na boca. O salgado é um dos cinco gostos básicos que nossas papilas gustativas conseguem identificar. Sabor, é a combinação do gosto com outros sentidos e com toda uma aprendizagem do que é agradável e desagradável.
Em nossa cultura, o sal joga um
papel fundamental na composição dos alimentos. Mas ninguém come sal. Se comemos
sal puro, sentimos um enorme desprazer. Mas, comida sem sal não tem graça, é
insossa, sem sabor, nosso paladar a rejeita. Um dos desafios de todo o
cozinheiro, é encontrar o ponto certo do sal de modo que o gosto seja saboroso
e agrade.
Talvez por isso, Jesus, ao falar da
missão aos seus discípulos, tenha usada a imagem do sal. Ele afirma que seus
discípulos são o sal que dá sabor à terra. Sem o sal do anúncio, o mundo fica
sem graça. Mas a pregação, assim como o sal, deve ser posto na justa medida. Caso
contrário, se torna intragável.
Mas aí vem a pergunta: qual é a
justa medida da pregação de modo que ela realmente se torne o sabor do mundo?
O apóstolo Paulo, na Carta aos
Coríntios, afirma que o sabor da pregação não é dado pelas palavras bonitas do
pregador. O que dá o gosto ao anúncio cristão, segundo Paulo, é o Cristo crucificado
que se identifica com os sofredores deste mundo.
Já o profeta Isaías, dá nome ao sal
da pregação. Para ele, a pregação só tem o sabor de Boa Nova quando leva a repartir
o pão com o faminto, a acolher na própria caso o pobre e o peregrino, vestir o
nu, destruir os instrumentos da opressão, abandonar os hábitos autoritários e a
linguagem maldosa, acolher de coração aberto o indigente e a prestar socorro a
todo tipo de necessitado.
Segundo Isaías, quando prega e
pratica este modo de ser, o discípulo compõem o bom prato que satisfaz ao
paladar de todos. E mais: além de contemplar o paladar, este bom prato também desperta
o sentido da visão. E o cristão, além de ser sal da terra, torna-se também luz
do mundo.
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