sábado, 27 de abril de 2019

NÃO DEIXEMOS QUE NOS ROUBEM A PAZ!


Conforme a narrativa do evangelista João, as primeiras experiências do encontro da comunidade com o Ressuscitado acontecem “no primeiro dia da semana”.

Para nós, cristãos, acostumados com o calendário que consagra este acontecimento, o primeiro dia da semana é o domingo, dia consagrado de encontro com a comunidade e com o Senhor. Para os homens e mulheres que seguiam a Jesus, o primeiro dia da semana era dia de labuta, de volta às atividades diárias depois do descanso sagrado do sábado. O “primeiro dia da semana” dos judeus equivaleria à nossa segunda-feira. Foi nesse dia normal, profano, laboral, que Jesus se manifestou às discípulas e discípulos.

A primeira experiência do ressuscitado foi a de Maria Madalena junto ao sepulcro. Diferentemente de Pedro e João que viram o sepulcro vazio e não ligaram o que os seus olhos viam com o que ensinava a Escritura, Maria Madalena, ao ser chamada pelo nome, reconheceu a ressurreição de Jesus e o cumprimento da promessa da vitória da morte sobre a vida.

A segunda experiência com o ressuscitado aconteceu na tarde daquele primeiro dia. Desta vez, não apenas a Maria Madalena, Pedro e João. É toda a comunidade dos discípulos e discípulas que é encontrada por Jesus. Com efeito, eles estavam fugindo, estavam com medo de que o que aconteceu com Jesus pudesse acontecer com eles também. Não seria absurdo se as cruzes que sustentaram o corpo de Jesus e os corpos de seus dois companheiros, fossem ocupadas para pender os corpos daqueles que com Ele tinham feito o caminho da Galileia a Jerusalém. Aqueles homens e mulheres sabiam muito bem de que o Império Romano era capaz. E sabiam eles também do que era capaz o povo judeu espezinhado e humilhado pelo portentoso império. A cada ano, quase sempre no tempo da Páscoa que celebrava a libertação da escravidão do Egito, grupos de judeus tomavam em armas e manifestavam sua revolta e cólera atacando e, quando possível, assassinando os soldados invasores. E o sangue – tanto judeu como romano – jorrava pelos campos, colinas, montanhas, caminhos, vilarejos, cidades e até na Cidade de Jerusalém e – para horror de todos – até no Templo Santo.

É nesse clima de terror imperial e ódio popular contra os romanos e seus testa de ferro locais que Jesus se faz presente no meio deles e lhes oferece a paz. Oito dias depois ele novamente se dirigiu aos discípulos e discípulas e saudou-os dizendo “a paz esteja com vocês!” Por que tanta insistência em Jesus nesta saudação de paz? Primeiro, como os textos mesmo o explicitam, porque aqueles homens e mulheres tinham sido tomados pelo medo do império opressor e seus sequazes nacionais que impunham a ordem à ferro, fogo e crucificações. Segundo, por que havia a tentação, entre os próprios discípulos, de revidar da mesma forma e fazer girar a roda insana da violência que se alimenta da própria violência.

Hoje, no nosso contexto, todos sabemos como essa roda insana funciona. À violência dos que muito têm para proteger-se dos despossuídos da terra gera reações de violência que justificam mais repressão e morte. E isso acontece tanto em escala global como em escala local e até mesmo nas relações individuais quando a legalização da violência e de seus instrumentos de execução é apresentada como única forma de se obter segurança.

Mas, segurança não é paz! A segurança é fruto do medo. E mais do que eliminar o medo, ela o aumenta, pois, ao rodear-se de grades, cercas, muros e armas, a pessoa ou grupo de pessoas reconhece que o suposto inimigo continua vivo do outro lado do muro. Seja do lado de dentro ou seja do lado de fora. A paz, a verdadeira paz, só é possível quando os muros forem destruídos e as armas atrás deles ou encima deles postadas forem transformadas em foices e arados, como já dizia antigamente o profeta Isaías.

Essa paz, no entanto, como bem o mostra o evangelista João, só pode ser proclamada e realizada por aqueles e aquelas que foram capazes de vencer a morte. É a paz daquele que fez justiça para com o injustiçado e assim iniciou um futuro de novas relações onde não mais há opressores e espezinhados.
O que venceu a morte, não foi a força do Império Romano com suas legiões armadas com lanças, flechas, carros, cavalos e o terror da cruz justificado pelos juízes sedentos de vingança que aplicavam seletivamente as leis, tanto judaicas como romanas, que não admitiam que um pobre camponês fosse reconhecido pelo povo como seu verdadeiro líder. O que venceu a morte, foi o humilde nazareno que passou a vida consolando os pais que perderam seus filhos assassinados pelos guardas do Templo e pelos soldados romanos, as mães que tiveram suas filhas raptadas ou estupradas pelo patriarcado factual e legal, os doentes e leprosos expulsos da cidade para não contaminarem os saudáveis cidadãos que tinham acesso à medicina, as crianças das ruas e praças dos vilarejos a quem era negada a condição humana e podiam ser eliminados para não enfeiar os passeis dos puros e limpos em direção ao Templo.

O que venceu a morte e podia proclamar a paz como modo de vida, é aquele que ensinou que, repartindo o pão acumulado nos silos e alforjes, é possível alimentar as multidões famintas e assim iniciar a romper o ciclo da violência que degrada tanto aos que a exercem como aos que a sofrem.
Neste tempo pascal, deixemo-nos saudar com a paz que nasce da justiça que liberta aqueles e aquelas que foram injustamente condenados pelos poderosos que clamam discursos de pacificação, prendem, condenam e matam. Não nos deixemos vencem pelo discursos de ódio e pela propaganda da violência. Não deixemos que nos roubem a paz!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

"NÃO DEIXEMOS QUE NOS ROUBEM A ESPERANÇA!"


“Não tenhais medo!” São essas as primeiras palavras que, segundo o Evangelho de Marcos, Jesus diz às mulheres – Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé – que vão ao sepulcro para ungir seu corpo. Jesus sabia que elas não tinham medo. Afinal, se tiveram a coragem de levantar-se de madrugada para ir ao local onde o corpo do mestre havia sido depositado e dar-lhe as honras fúnebres como mandava a tradição judaica, era porque elas já haviam vencido o medo.
Mas, medo de que? Do Ressuscitado? Do Anjo que se fez ver? Não... Nada disso! Fazer tal afirmação é desconhecer o contexto em que se deu a morte de Jesus.
O medo ao qual Jesus se refere, era o medo da cruz. Era o medo do suplício infligido pelas autoridades romanas a todos aqueles que ousavam levantar-se contra o seu jugo dominador. Dentro do “terror de Estado” imposto pelas tropas romanas sobre as populações subjugadas, as crucificações, geralmente múltiplas – é sempre bom lembrar que Jesus não foi crucificado sozinho – tinham como objetivo, além de eliminar um revoltoso, evitar que outros seguissem no mesmo caminho. Para tal, utilizava-se o instrumento de tortura inventado pelos persas, introduzido no Ocidente por Alexandre Magno e otimizado pelos romanos: a crucificação.
O objetivo de tal método de tortura e morte não era o de matar, mas prolongar pelo máximo de tempo o sofrimento do prisioneiro. Tal macabro espetáculo – sempre levado a cabo de forma espetacular - era um forte antídoto contra toda ânsia de contestação da dominação romana.
Do ponto de vista romano, a morte na cruz de Jesus foi um fracasso. Ele morreu rapidamente e seu corpo não ficou exposto até ser consumido pelas aves do céu. Mesmo assim, haviam alcançado seu objetivo: os discípulos, aterrorizados com o sucedido ao seu mestre, haviam fugido e retornado aos seus lugares de origem. Os pescadores – seis dentre os doze discípulos – haviam voltado ao lago para pescar. Mateus talvez tenha retomado sua banca de impostos... Dos outros, não há notícias. Só as mulheres ficaram ao pé da cruz. Só elas não se deixaram vencer pelo terror de estado do Império Romano. Por isso vieram até o sepulcro trazendo os óleos aromáticos para ungir o corpo de Jesus.
Dentro da tradição judaica, tal gesto era um sinal de esperança. Ungir o corpo de um prisioneiro trucidado pelo poder imperial, era afirmar que, acima do poder do tirano facínora, está o poder de Deus que fará justiça para com o injustiçado. E império nenhum tolera tal ato de sublevação simbólica. Nem os de ontem e nem os de hoje.
Jesus apresentara-se na sinagoga de Nazara como aquele que veio libertar os aprisionados pelo poder opressor dos latifundiários da Galileia, dos sacerdotes de Jerusalém e dos ocupantes helenistas e romanos. As mulheres, indo ao túmulo para ungir Jesus, estavam afirmando que, apesar do brutal assassinato cometido contra Jesus e suas esperanças, continuavam a acreditar que a justiça para com os pobres da terra um dia será realidade. Por isso, sua vitória sobre o medo tinha que ser reafirmada e anunciada a todos os que estavam sobre a tentação de deixar-se vencer pela desesperança.
Hoje e sempre, visitar e consolar os injustamente aprisionados pelo poder opressor é um sinal revolucionário e de esperança. Recolher e cuidar dos corpos e mentes trucidadas pela sanha exploradora de um sistema econômico que vê as pessoas apenas como força mecânica e intelectual para obter mais lucro, é confirmar nossa fé no Deus que não deixa o seu justo na morte para sempre. Crer no ressuscitado, é afirmar a certeza da vitória dos aprisionados e crucificados sobre os seus algozes.
E nesse contexto que, como nos lembra o Papa Francisco, “o triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal.”

quarta-feira, 10 de abril de 2019

QUEM ESTIVER SEM PECADO DISPARE O PRIMEIRO TIRO

Todos os que tem uma mínima familiaridade com a Bíblia cristã lembram com facilidade o episódio apresentado pela liturgia no Quinto Domingo do Tempo da Quaresma. Trata-se da perícope de abertura do capítulo 9 do Evangelho do João.

Numa mis-en-cène típica da tradição joanina, os fariseus e doutores da Lei trazem até Jesus uma mulher flagrada em adultério. Diferentemente do que se diz em muitos sermões, não se trata de uma prostituta, mas de uma mulher, casada, que traiu seu marido com outro homem. O detalhe da acusação é que os homens que trazem a mulher até Jesus viram, com os próprios olhos, a mulher adulterando. Por consequência, viram também o homem com o qual a mulher estava a adulterar. E, assim como prenderam a mulher e a levaram até Jesus, poderiam também ter apreendido o adúltero e tê-lo trazido até Jesus para ser apedrejado. Mas não! Eles trazem só a mulher... E a Lei de Moisés, no capítulo 20 do Livro do Levítico, mandava que o homem fosse apedrejado junto com a mulher. Dentro da mentalidade patriarcal e machista, era o homem o sujeito principal do adultério e ele deveria ser apedrejado por primeiro. A mulher devia ser apedrejada junto com ele. Mas por que apedrejar a mulher pelo simples fato de ter sido vítima do adultério?

Essa interpretação é corroborada pelas leis que se seguem e tratam da zoofilia. A Lei ordena que um homem que tenha relações sexuais com um animal seja apedrejado. O mesmo para o caso de uma mulher relacionar-se sexualmente com um animal. E a Lei, em ambos os casos, manda que o animal também seja apedrejado. Pergunta-se: por que apedrejar o animal? Não tendo consciência nem liberdade, o animal é, no caso da zoofilia, vítima da perversão sexual do homem ou da mulher. Por que matá-lo, então?

A Lei não diz. Mas há uma hipótese que considero plausível e se fundamenta no modo como Jesus responde à questão a ele apresentada a respeito da mulher. A hipótese é a seguinte: as vítimas devem ser eliminadas porque elas nos recordam dos nossos crimes. “Sem corpo, não há crime”, dizia um velho princípio jurídico que vigorou por muitos anos. Felizmente, a justiça, a duras penas, conseguiu superá-lo. Mas ele continua vigente na mentalidade daqueles que procuram eliminar os corpos de suas vítimas mortas ou, de forma mais comum do que pensamos, buscam eliminar as próprias vítimas pelo ocultamento ou pela destruição física.

Jesus desmascara essa prática quando, depois de rabiscar sobre a areia num suspense sem fim para a mulher e para seus algozes, afirma calmamente: “quem não estiver em pecado, atire a primeira pedra”. Certamente passou pela cabeça dos presentes os muitos adultérios que cada um deles tinha praticado e que mereciam a morte antes mesmo da lapidação daquela mulher jogada ao chão no meio do círculo de mãos levantadas e armadas com 80 pedras. Ao assassinar aquela mulher – e Jesus com sua fala calma lhes aponta isso – eles não queriam primeiramente fazer justiça à mulher flagrada em adultério, mas apagar a memória viva de seus próprios adultérios. A vítima é perigosa porque lembra ao assassino de seu crime. É preciso eliminá-la porque sua presença fala por si mesma e é uma acusação contra os crimes daqueles que se pretendem inocentes.

Pergunto-me nesta noite do Quinto Domingo de Quaresma: qual a razão que levou a um grupo de militares a assassinar, com 80 tiros, um pai de família que se dirigia, junto com sua esposa, seu sogro e seu filho, para um chá de bebê na favela de Guadalupe. Foi apenas um engano, como alegado imediatamente pelas autoridades? Um tiro por engano, até poderia ser. Dois ou três, ainda vai... Mas 80 tiros por engano? E ainda debochar da esposa que pede para que ajudem o marido que está a morrer? O que fazia com que esse homem se tornasse um possível suspeito para a polícia? Simples: ele era preto e estava num carro que não condizia com seu “lugar social”.

No mesmo domingo, na mesma cidade do Rio de Janeiro, um jovem de 17 anos foi morto, a tiros, pelas costas, por policiais militares. E, se abrirmos os jornais e as páginas da internet, veremos isso a cada dia. E veremos mais: comandantes das polícias, governadores e até o Ministro da Justiça propondo a legalização e a despenalização dos assassinatos cometidos por policiais, mesmo quando os mortos são inocentes e em circunstâncias que não justificam tal violência. Tal “lei do abate” é apresentada como uma forma de defender os policiais e suas vidas. Se tal argumento tivesse base real, o Brasil não seria o país onde mais a polícia mata e onde mais policiais são mortos em serviço. Se a polícia matar os supostos bandidos fosse uma real solução, não haveria mais crimes no Brasil e nenhum policial mais seria morto. Infelizmente, no entanto, a realidade nos mostra que as coisas não são assim.

Fica então a pergunta: a quem interessa tantas vítimas da violência, seja entre a população, seja entre os policiais? Seguindo a lógica da fala de Jesus, surge poderosa a suspeita de que a eliminação das vítimas – homens pretos das favelas e policiais na sua maioria também pretos -  interessa apenas aos que produzem as vítimas: a pequena parcela da sociedade – os 5% que detém renda equivalente à soma dos outros 95% - que, para manter seus privilégios e requintes, precisa produzir milhões de empobrecidos e marginalizados e, para defender-se deles, necessita a força das armas e da polícia.

É nesse contexto que a pergunta de Jesus é dirigida a cada um de nós: quem não participa ou não é conivente com essa situação de injustiça e violência da sociedade brasileira, que dê o primeiro tiro.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Há esperança

Primeiro sábado de outono. Porto Alegre ensolarada. Mas já não tão quente.  Trânsito tranquilo a caminho da Estação Rodoviária. Chego antes do tempo. Aproveito os 45 minutos que ainda me separam da partida do ônibus para ler. Me sinto um extraterrestre em meio aos não muitos outros passageiros que também aguardam as respectivas partidas. Sou o único – confiro para não estar equivocado – a ter um livro mãos. Quase todos ocupam o tempo em teclar nas redes sociais ou ouvir música. Alguns fones de ouvido se escondem no interior do pavilhão auricular. Outros, escondem a cabeça de seus ouvintes.
Na hora marcada o ônibus parte. Pontualidade brasileira com preços britânicos. Com duas passagens pagar-se-ia uma viagem em carro para o mesmo destino. É o preço do monopólio construído em tempos de governos liberais. Como de costume, durmo na primeira hora de viagem. Acordo já para lá da Estrada do Conde que leva a Guaíba. Retomo minha leitura de “Sodoma” e observo as ondas multicoloridas dos arrozais em ponto de colheita. O tema da leitura e a paisagem se complementam. O tempo passa rápido apesar da pista que teima em não ser duplicada desde o ano de 2014. Aqui e ali um pequeno sinal de obras em andamento. Aparências para enganar eleitores incautos e cultivar futuras expectativas que alimentarão novas eleições.
A platitude do terreno me remete ao ano de 1983 quando, pela primeira vez, fiz este percurso. Em meus então 17 anos, saia da terra natal e me aventurava na distante Pelotas. Tempos de abertura e de descortinamento de um novo mundo. A democracia ainda tardaria mas já vivíamos os albores das Diretas Já, da Constituinte e do fim da ditadura militar. Tantas lembranças destes tempos
Depois de duas horas e um pouco mais de viagem, o tradicional paradouro: 20 minutos! Para minha surpresa, para usar o banheiro, não há necessidade de passar pela loja e restaurante. E, surpresa maior, o banheiro masculino está surpreendentemente limpo. Algo a louvar. Passo na lojinha, compro uma água mineral e um pacotinho de torrões de arroz. Preço dobrado em relação aos mercados urbanos. Não há opção. O preço do banheiro limpo está embutido. Faz parte do jogo.
Como meus torrões e tomo a água sentado em frente ao ônibus. Ninguém conversa com ninguém. Apenas os smartphones falam. Deixo o tempo passar. Faltam poucos minutos e não vale a pena buscar meu livro. Do restaurante sai calmamente um casal de idosos. Por volta dos 70 ou um pouco mais. Não são passageiros do ônibus. Estão viajando de carro. Ao passar, o senhor – mais velho que a senhora – olha a origem e o destino do ônibus. Volta-se para mim e me diz: -- Vamos ver quem chega antes! Eu sorria e desejo boa viagem. Os dois se encaminham em direção ao carro estacionado sob uma sombra. Levam nas mãos plásticos e papeis para descartar na lixeira. Mas a lixeira está virada e há papeis e plásticos espalhados pelo chão. Um olha para o outro e, com a calma de quem não tem pressa para chegar ao destino, os dois começam a recolher o lixo jogado pelo chão e acomodá-lo nas sacolas plásticas que carregavam. O senhor vai até o carro, busca mais uma sacola plástica e continua a coleta no gramado que se estende à beira da estrada.
Ao terminar o trabalho, recolocam a lixeira na vertical, depositam nela as sacolas recheadas de dejetos por outros produzidos e, sem pressa, dirigem-se ao pé da árvore. Tomam seus celulares e fazem fotos. Ele dela e, ela, dele. Em seguida, um selfie os junta na mesma imagem. Tudo acompanhado por sorrisos e gestos de carinho.
O ônibus parte. O carro vermelho de modelo popular com o casal de idosos segue o ônibus com toda calma e tranquilidade. Quem chegará antes em Rio Grande?
Em meus pensamentos desejo outra vez uma boa viagem aos dois. E, mesmo que o ônibus corra mais e eles continuem andando na vagarosa tranquilidade do bem feito, certamente eles já chegaram ao seu destino.