A eleição do Cardeal Bergoglio como Papa (Bispo de Roma,
como ele se auto apresentou) significou uma lufada de ar fresco em meio ao
marasmo miasmático em que vivia a Cúria Romana e parte significativa da Igreja
Católica. Retomando o espírito do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco abriu
as portas e janelas para que o Espírito arejasse os espaços eclesiais com sua
novidade e criatividade e, ao mesmo tempo, convidou os católicos a sair das
preocupações intraeclesiais e “ir ao encontro” dos grandes desafios que o mundo
de hoje apresenta para aqueles e aquelas que querem viver e propagar a Boa Nova
do Reino.
O grande impacto provocado pelo novo Pontífice deve-se, em
primeiro lugar, ao seu estilo e seus gestos. Um Papa simples, sem fausto,
avesso à corte e seus cerimoniais, pobre e próximo dos pobres, disposto a
construir pontes entre os diversos grupos afastados e muitas vezes em conflito,
tanto dentro como fora da Igreja. Desde a sua primeira viagem à Ilha de
Lampedusa para chamar à atenção da Europa sobre os migrantes até a recente
viagem ao Oriente Médio e seu encontro com as lideranças muçulmanas, o Papa
Francisco mostra profeticamente a necessidade de uma “Igreja em saída”. Inspirada
na Lumem Gentium, a expressão,
recorrente em suas falas e escritos, quer marcar “uma nova etapa
evangelizadora” (EG 17) que busca levar a “Alegria do Evangelho” aos mais
diferentes âmbitos da experiência humana.
Se a Evangelii Gaudium
– primeiro e programático texto - tem
como interlocutores os fieis e as lideranças da Igreja visando à renovação das
estruturas eclesiais, na Laudato Sì o
chamado é feito “a cada pessoa que habita este planeta” (LS 7) e é afetado ou
se preocupa com os problemas e o futuro da Casa Comum. Na Amoris Laetitia, Francisco volta a um dos temas mais caros à
Igreja: a família. Outra vez aqui, o objetivo não é reafirmar uma doutrina, mas
convidar e dar critérios para uma ação capaz de acolher e cuidar daquelas
famílias e pessoas que vivem situações de dor e sofrimento. Por fim, na Carta
Encíclica Gaudete et Exsultate, o
Papa conclui com uma reflexão que subjaz e sustenta a todas as anteriores: o
chamado à santidade que Deus faz a cada uma e a todas as pessoas.
Nestes quatro documentos, a VRC é tratada tangencialmente
na relação com o tema principal. Propomo-nos aqui, no entanto, assinalar alguns
elementos deste Magistério que consideramos inspiradores para pensar – nos dois
sentidos da palavra: refletir e cuidar – as crises na VRC. Tomamos livremente
os textos e os interpretamos a partir da preocupação que dirige esta reflexão.
Sugerimos aos leitores e leitoras ter em mãos os textos dos documentos e, na
medida em que vamos avançando, consultá-los e meditá-los construindo suas
próprias reflexões.
Neste contexto, elaboramos um artigo publicado pela Revista Convergência. Acesse a íntegra do texto CLICANDO AQUI!
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